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Do medo ao domínio do carro

Escrito por Pedro Da Silva

por Luciana  – Foto: Pixabay

Quando pequena o carro era a minha segunda cama. Era só entrar nele para começar a dormir. Meus pais deviam amar, afinal, distrair uma criança nas muitas horas de trânsito é tarefa para os fortes, especialmente numa época em que DVD da Galinha Pintadinha no carro não era uma realidade.

Com o tempo fui crescendo, cheguei aos 18 anos e toda a minha turma só falava em tirar a carteira de habilitação. Eu não me sentia preparada para isso. Estar dentro do carro era sempre algo confortável mas dirigir um ainda não era algo fácil de lidar. Me concentrei no vestibular e deixei a carteira de habilitação para depois.

Com 22 anos eu precisei fazer um estágio que ficava bem longe da minha casa. Dirigir começou a ser necessário. Peguei umas aulinhas com meu pai e meu irmão mas foi pior. Eles são ótimos motoristas mas péssimos professores. Nem todo mundo tem paciência com alguém que está começando e eu precisava de uma dose extra de paciência porque precisava vencer o medo.

Desisti de praticar com eles e encarei as aulas da autoescola e descobri que praticar com minha família realmente não era a melhor opção. Cheguei na autoescola com mais vícios de direção acumulados pelo meu pai e irmão em seus muitos anos dirigindo, do que com uma base realmente eficiente para um iniciante.

As aulas teóricas me ajudaram muito. Sou dessas que entender bem como funciona antes de praticar já é meio caminho andado. Elas serviram para me tranquilizar, para me dar aquela sensação de que “se você conhece a arma que tem, não tem porque sentir medo dela.” Foi o meu mantra naquele tempo.

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Aí vieram as aulas práticas e eu respirei aliviada em ver que do banco do passageiro o instrutor também tinha como controlar os pedais do carro. Acho até que ele ficou mais aliviado do que eu (risos). Mas o que me ajudou mesmo foi fazer a “lição de casa”. Eu precisava que a prática vencesse o medo porque eu já tinha os conhecimentos que precisava.

Então eu comecei a treinar sozinha. Não queria ninguém me dizendo “faz isso ou aquilo”. Quando as aulas terminavam eu ía para casar e treinava alguma coisa. Comecei ajustando os espelhos, o banco e me adaptando aos pedais com o carro parado na garagem. Dois dias depois me arrisquei a dirigir em linha reta em uma rua perto de casa e voltar. Depois me senti mais confiante e dirigi dando voltas em duas ruas por uma meia hora. Dias depois, dirigi pelo quarteirão por uma hora. Aos poucos fui ficando mais confiante, o que me permitiu passar na prova prática na primeira tentativa.

Fiquei tão feliz que comecei a tomar gosto pela coisa. Passei a seguir sites que falam sobre carros, a participar de comunidades nas redes sociais de mulheres que se aventuram no volante e de repente eu sabia tudo sobre carros: marcas, modelos, acessórios, lançamentos, tipos de seguro auto, eventos, últimas notícias e muito mais.

Cheguei ao nível de ajudar amigas com dificuldade de dirigir e 5 anos após tirar minha carteira de habilitação, encarei a estrada sozinha numa viagem de carro por toda a América Latina. Desbravar o continente sob quatro rodas, sozinha, muitas vezes dormindo dentro do carro ou montando uma barraca sobre ele quando não encontrava vaga em hotel, e me sentindo completamente segura na direção, foi uma das minhas maiores conquistas.

Essa é a história de Luciana com o carro. Qual é a sua? Conte pra gente nos comentários.